Bullshit!

Posted: segunda-feira, 5 de abril de 2010 by Albanietzsche in Marcadores:
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Já ouviram falar de Penn & Teller? São uma dupla de comediantes e ilusionistas norte-americanos (clique no link e leia o resuminho da Wikipédia, deixe de ser preguiçoso) que possuem um programa de televisão transmitido pela FX Brasil chamado "Bullshit!", no qual debatem algum tema polêmico referente à sociedade norte-americana e defendem seu ponto de vista, sempre pregando a "defesa pública do ateísmo, ceticismo e libertarianismo."

Geralmente eles o fazem com propriedade, como quando debateram a pena de morte (se posicionando contra) ou quando criticaram os escoteiros que, controlados pelos mórmons, eram uma entidade segregadora e preconceituosa.

Enfim, eu era um fã confesso desses dois. Isso até o último capítulo que assisti, o 2º episódio da 5ª temporada do programa, no qual eles criticavam os ativistas contra-Wal-Mart, fazendo praticamente uma propaganda de 30 minutos da maior rede de hipermercados do mundo.

Isso parece procurar pelo em ovo dos outros (nossa, essa frase tem uns 13 significados, e desses, no mínimo uns 10 são pornográficos; mas não é isso que eu quero dizer, vejam bem), e, pensando bem, realmente é. O que eu tenho a ver com os problemas internos dos EUA? Na verdade, nada; mas fiquei realmente chocado pela maneira como eles trataram questões como a utilização do trabalho infantil no terceiro mundo para a fabricação de mercadorias e a exploração de funcionários como "pequenas falhas" da empresa, que no geral trazia muitas benfeitorias para a sociedade norte-americana.

A maneira maniqueísta com que apresentavam os defensores de um lado e outro da história era nojenta: os contra-Wal-Mart eram moradores de pequenas cidades e vereadores com uma retórica claramente fraca; por mais que eles não conseguissem justificar seu ponto de vista, a crítica ao hipermercado possuía uma justificativa CLARA para existir, apresentada pelos próprios FATOS e DADOS citados no programa. Uma empresa que abre uma filial em um lugar, acabando com a concorrência de comerciantes locais e pegando um salário pífio a seus funcionários não gera empregos e melhorias na qualidade de vida, e sim uma estagnação do desenvolvimento social.

Um argumento usado repetidas vezes para defender o hipermercado era que ele trazia mercadorias mais baratas para a população. Mas a que preço? Exploração da mão-de-obra de crianças e adultos de países subdesenvolvidos, que trabalham por alguns centavos por hora. Tentando amenizar o horror dessa situação, um economista pró-Wal-Mart (cuja lembrança me causa asco) usou a seguinte justificativa:

"A situação dos países de terceiro mundo que fabricam nossos produtos é pior do que o nível do salário que pagamos aos trabalhadores de lá. As crianças também acabam trabalhando apenas por necessidade, para servir de renda adicional à família, senão acabam vivendo em condições desumanas por falta de recursos."

Claro, claro, e procedendo dessa maneira vocês contribuem para mudar essa situação e promover o bem-estar de todas as populações mundiais, como tão orgulhosamente prega seu governo. Alimentar com migalhas os sedentos de fome por interesses próprios mão tem nada de altruísta, meus queridos.

Manter o mundo subdesenvolvido a sua volta na merda e pagar pouco às camadas menos abonadas de sua população (que, como todas as outras, acabam se sujeitando a tal situação pra conseguir ao menos uma renda mínima) não é um meio justificável para ter a comodidade de se locomover pouco para economizar alguns centavos na compra do papel higiênico que limpa suas bundas.

E, pensando pelo lado econômico em escala mundial da questão (globalização e blá, blá, blá...) e como ser humano, habitante do mesmo planeta, os problemas internos norte-americanos têm SIM tudo a ver comigo.

Penn & Teller, conscientes? Bullshit!

1 comentários:

  1. Unknown says:

    Eae BamBam é o Maradona

    Legal o blog hein, os posts tão mto bens escritos.

    A peça do scarface feita pelas crianças mto foda.

    Sucesso

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